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A persistência da inflação acima da meta e o recente aumento do IPCA-15 intensificam a pressão sobre o Banco Central (BC) para manter a política monetária restritiva. A pesquisa do Valor Econômico, que indica que quase 60% dos bancos esperam um aumento de 0,75 ponto percentual na Selic, reflete a preocupação do mercado com a trajetória inflacionária.

A relação entre inflação e taxa de juros é fundamental para a formulação da política monetária. Para controlar a alta dos preços, o BC eleva a taxa básica de juros, o que torna o crédito mais caro e incentiva a poupança. Essa medida é eficaz para conter a inflação, mas traz efeitos colaterais, como a desaceleração da atividade econômica. O aumento da taxa de juros pode reduzir o consumo, os investimentos e gerar um efeito adverso sobre o mercado de trabalho, com possível aumento do desemprego.

Nesse contexto, a política fiscal desempenha um papel crucial. O controle dos gastos públicos e a adoção de medidas fiscais sustentáveis são essenciais para garantir a solvência do governo e reduzir os prêmios de risco. Isso ajuda a controlar a inflação, pois sinais de responsabilidade fiscal geram maior confiança nos investidores e contribuem para a redução das taxas de juros de longo prazo. Além disso, a disciplina fiscal pode diminuir a pressão sobre o BC, permitindo uma política monetária mais flexível no futuro. A manutenção de juros elevados por um período prolongado impacta negativamente a população, em especial as famílias de baixa renda, que são mais vulneráveis às altas taxas de juros. O custo do crédito mais elevado encarece o financiamento de bens duráveis e dificulta o acesso ao crédito para consumo e investimento. Além disso, as empresas, ao enfrentarem custos de financiamento mais elevados, podem reduzir seus investimentos e demitir trabalhadores.

É importante ressaltar que o ajuste fiscal não é uma tarefa fácil e requer um amplo consenso político. A aprovação de reformas estruturais é fundamental para garantir a sustentabilidade das contas públicas no longo prazo. No entanto, essas reformas podem gerar resistências e precisam ser cuidadosamente negociadas para minimizar seus impactos negativos sobre a sociedade.

Portanto, o Brasil enfrenta um dilema econômico complexo. A inflação elevada exige uma política monetária restritiva, o que eleva os juros e desacelera a economia. Contudo, uma política de juros elevados por períodos longos pode prejudicar o crescimento e o bem-estar da população. A solução para esse dilema depende de uma política fiscal consistente, com a implementação de reformas estruturais que garantam a sustentabilidade das contas públicas e reduzam a necessidade de altas taxas de juros.

 

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